sábado, 26 de dezembro de 2009

Um

Ouço as vozes delas. As vozes se parecem tanto que às vezes é impossível saber quem é uma e quem é a outra. Só vou apreender a distinguir depois, quando estiver fora da barriga da minha mãe. Agora, o barulho das águas me confunde e só sei que elas são duas e que falam e se movimentam muito. Mesmo quando trabalham, falam. Estão arrumando o meu quarto, a minha cama, o mosqueteiro, o meu nome em letras coloridas no feltro. Sofia. Elas falam. E a voz delas me embala. Me acalma. E tenho certeza então que tudo vai dar certo enquanto aproveito os últimos momentos desta preguiça primordial.

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